Artigo | Gestão de Resíduos
A dimensão socioambiental é de extrema importância para a manutenção da qualidade de vida humana e das demais espécies. Um dos principais problemas a serem enfrentados está relacionado ao estilo de vida, padrões de consumo e geração de resíduos.
Entende-se que a escola seja um dos espaços educadores de boas práticas e de coerência mais eficazes, para incentivar a comunidade a buscar fundamentos, subsídios e construir conhecimentos para enfrentamento dos problemas socioambientais locais e globais.
Estima-se que a sociedade por pessoa gere atualmente cerca de 1 kg lixo/por dia (jan/2020) por dia. A quantidade de resíduos produzida por uma população é bastante variável e depende de uma série de fatores, como renda, época do ano, modo de vida, acondicionamento de mercadorias entre outros. Para conter a produção desenfreada de resíduos, a organização para a sua destinação e disposição ambientalmente adequada, bem como criar oportunidade para a inclusão e formalização de catadores, foi aprovada no Brasil em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A Política prevê, como exemplo de método de recuperação dos resíduos, o incentivo a reciclagem e a compostagem. A reciclagem é um processo pelo qual materiais que se tornariam rejeitos sejam desviados para serem utilizados como matéria prima na manufatura de bens normalmente elaborados com matéria-prima virgem. Dentre alguns benefícios da reciclagem, pode-se citar a conservação dos recursos naturais, a redução da poluição do ar e das águas, a diminuição da quantidade de resíduos a ser aterrada e a geração de emprego com a criação de centrais de triagem para a reciclagem, além da vantagem e custo comparativamente menor de utilizar matéria-prima virgem na fabricação de determinados produtos.
Por outro lado, a reciclagem de resíduos sólidos enfrenta obstáculos como qualidade do material, contaminação dos resíduos, distância das indústrias recicladoras e custo de logística, falta de incentivos fiscais, entre outros. Já a compostagem, que consiste na produção de compostos orgânicos a partir da decomposição do material orgânico (restos de alimentos, podas de jardins, folhas etc.) sob condições adequadas, tem como propósito um composto orgânico para uso na agricultura. Apesar de ser considerado um método de tratamento, a compostagem também pode ser entendida como um processo de reciclagem do material orgânico presente nos resíduos urbanos.
Em se tratando das alternativas de disposição final dos resíduos, o aterro sanitário é o que reúne as maiores vantagens, considerando a redução dos impactos ocasionados pelo descarte dos resíduos sólidos urbanos. Outro método de disposição final dos resíduos é o aterro controlado, que pode ser considerado menos prejudicial que os lixões pelo fato de os resíduos dispostos no solo serem posteriormente recobertos com terra, o que acaba por reduzir a poluição local. Porém, trata-se de solução com eficácia bem inferior à possibilitada pelos aterros sanitários, pois, ao contrário destes, não ocorre proteção da massa de lixo em processo de decomposição.
Os lixões constituem uma forma inadequada de descarte final dos resíduos sólidos urbanos. Problemas e inconvenientes, como depreciação da paisagem, presença de vetores de doenças, formação de gás metano e degradação social de pessoas, são fatores comuns a todos os lixões.
Resíduos sólidos precisam ser pensados de forma consciente por todos os elos da cadeia, no fabricante ao cidadão, e o consumidor precisa assumir suas responsabilidades com os resíduos para que o impacto sobre o meio ambiente e a saúde das pessoas seja reduzido.
Glaucia Pessin Vieira docente da Fatep. Possui mestrado em Ciências, doutorado e pós-doutorado em Química na Agricultura e no Ambiente.